ESAÚ PINTO, nasceu na cidade de Rio de Contas-Ba, no dia 18 de dezembro de 1911. Faleceu no dia 28 de agosto de 1985, aos 73 anos de idade.Filho de Alvina Lafetah Barbosa Pinto e de Joaquim Conceição Pinto.
Desde cedo demonstrou seu gosto artístico, cursou iniciando seu aprendizado musical escutando seu irmão Antônio. Recebeu aulas do músico Rogaciano Vitalino Rodrigues e , foi por ele presenteado com um velho instrumento musical a após muitos treinos ingressou-se na Lira Guarani, onde os demais músicos se cotizaram e lhe ofereceram instrumento musical novo.tina na época 8 anos e co 15 anos já regia e compunha peças musicais. Para sobreviver, ensinou música em Arapiranga, Mato Grosso e posteriormente mudou-se para Espinosa -MG de onde retornou para Piatã, Catolés e finalmente Rio de Contas, onde se radicou, exercendo a sua tão amada atividade musical e sobrevivendo como farmacêutico. Compôs dobrados, canções, valsas, cantatas, hinos religiosos ( sendo sua última composição um hino dedicado a Nossa Senhora Santana).
Maestro da Lira dos Artistas durante anos, demonstrou uma filosofia de trabalho de perfeita integração com todos os seus integrantes, infundindo o seu respeito e harmonia através de seu exemplo, de seu carinho, humidade e de sua dedicação.
Como farmacêutico, apesar de haver cursado apenas o terceiro ano primário, foi um grande conhecedor da Medicina e laboratório, desempenhando o papel de médico sempre que se fazia necessário. E não se resume aí o seu trabalho. A todos as suas atividades dedicou-se intensamente de forma despojada com um amor platônico verdadeiro, constituindo um verdadeiro assistente social.
Texto retirado do Jornal O Riocontense- Conselho Comunitário Riocontense-Ano II - Nº 10 - Out-1985
A VIDA DO MAESTRO ESAÚ PINTO
Alma serena, cujo semblante exalava pureza e bondade, um veradeiro espírito de luz... Assim era o Maestro Esaú Pinto. A sua presença silenciosa e tranquilizadora conseguia imprimir mensagens de tamanha profundidade que o poder da palavra, talvez, não conseguisse transmitir tão bem.
Levou uma vida humilde como sempre gostou. Acordava cedinho, às seis horas da manhã, tomava um cafezinho forte, que le mesmo preparava, para depois ir receber seu banho de sol, sentado à porta da Igreja do Santíssimo Sacramento, próximo á sua residência.
sempre envergando um terno escuro, camisa social branca, sem gravata, usava chapéu de feltro que, nos últimos anos de sua existência, foi substituído por uma boina. Às oito horas da manhã, já estva trabalhando na farmácia de sua propriedade. Após o almoço, costumava fazer uma pequena sesta. Voltava, em seguida, para o seu estabelecimento comercial, onde permanecia até à noitinha, quando costumava, muitas vezes, sair para uma pescaria no Rio Brumado, com amigos de infância. O seu dia era sempre muito movimentado, pois, constantemente, apareciam em seu estabelecimento comercial os amigos, e todos que passavam pela sua calçada, paravam um pouco para um dedo de prosa.Quase sempre seus amigos dispunham de tempo para entrar na farmácia e se sentar numas cadeirinhas bem baixinhas, que havia por lá, para "bater papo", enquanto o maestro atendia a sua clientela.
Á noite, ele ia para a Lyra dos Artistas cuidar dos seus discípulos da música: dava aulas ou ensaiava os dobrados, boleros e marchas para as ocasiões festivas.
Pelos anos de 60, ele foi também professor de Canto Orfeônico no Ginásio da localidade, tendo formado corais e fanfarras insequecíveis. Em sua aulas, ensaiava noções de solfejo, canções populares, hinos e músicas do folclore brasileiro, etc. Para as fanfarras, ele sempre compunha marchas e ensaiava os seus alunos para se exibir nos dias de festa do colégio. Nas sessões comemorativas do Colégio ele costumava tocar violão, acompanhando as solenidades.
O Maestro fazia de tudo um pouco, cumpria os ofícios de pedreiro, encanador,eletricista, ferreiro, carpinteiro etc.. Qualquer trabalho que realizava se fazia acompanhar por belas melodias, valsas,dobrados,marchinhas, etc., executados pelos sons harmoniosos e característicos de seu assobio, algumas vezes cadenciado com movimentos de cabeça seguindo o ritmo da música.
Esaú costumava compor somente à noite, sentado numa cadeira defronte ao balcão da sua farmácia. Era lá que ele encontrava a serenidade que precisava para exteriorizar a beleza de seus sentimentos, através das ricas composições musicais, inspiradas no silêncio da noite...
O Maestro Esaú era um ser humano muito generoso, uma pessoa altruísta e abnegada, com um enorme coração. Sempre foi um pouco médico, enfermeiro, assistente social e, muitas vezes, conselheiro dos seus conterrâneos.
Rio de Contas, muitas vezes permanecia sem nenhuma assistência médica: não havia hospital, nem médico com residência na cidade. Todos procuravam a ajuda de Srº Esaú, que era farmacêutico prático e dono da farmácia local.
Ele era curioso e autodidata, entendia de farmacologia, pois possuía livros sobre o assunto e os estudava bastante. Como também conhecia as propriedades terapêuticas das plantas, ele aconselhava tratamentos alternativos para a população, baseados em unguentos e chás naturais.
Esaú era quem cuidava da população na ausência do médico, tendo o cuidado de aconselhar ao doente a procura de cuidados especiais, quando o mal persistia ou quando pressentia de que se tratava de algo que inspirava maiores cuidados.
Ele criava e manipulava umas fórmulas de colírio, poções e pomadas que eram consideradas muito boas.
O Maestro Esaú costumava ser chamado em casa das pessoas, principalmente aquelas mais velhas, quando tinham algum problema de saúde. A sua aura de paz e tranquilidade conseguia transmitir confiança a todos. Ele tinha sempre uma palavra de estímulo e atenção para com os semelhantes, infundindo serenidade e segurança.
Fonte: Maria de Lourdes Pinto e Arakawa - As Minas do Rio de Contas